Páginas

sábado, 28 de maio de 2011

Festa da faculdade não é pra ensino médio.

  Primeira festa do ano. UHUL, não podia nem acreditar que realmente iria à uma festa com pessoas que já estava na faculdade,minha primeira house party! mesmo que eu ainda não estivesse de fato na faculdade (mas era só uma questão de tempo até o resultado sair e eu me orgulhar...ou não) nenhum daqueles gatinhos mais velhos precisava saber disso. Nem o gatinho com quem eu estava saindo há algumas semanas, o Fê .Ele era perfeito, a gente havia se conhecido através de uma amiga, prima dele, que eu fiz jurar (na verdade eu implorei) que não contaria que eu não era universitária coisa nenhuma, e que o número do meu sutiã era 38 ao invés de 44, o que é INACEITÁVEL. Ele tinha 20 anos, fazia educação física, e me jurou que era virgem! Eu só precisava de um bom sutiã de enchimento e batom vermelho. Isso. Batom vermelho, era o que as garotas mais velhas usavam, não era? Faltava só uma semana até eu vestir minha melhor fantasia fake e fingir que era parte do grupo de universitários, então tinha que começar a planejar tudo.
  Passei a semana sem comer nada além de brócolis, alface e frutas, pra caber no meu melhor vestido, que por um acaso era o mesmo que meu pai NUNCA me deixava usar e meus argumentos sempre eram insuficientes, mas eu já havia planejado tudo, na hora da festa ele estaria no quarto, então eu entraria, colocaria a cabeça pra dentro, daria tchau, mandaria um beijo e falaria eu te amo não volto tarde, você é o melhor pai do mundo (essa parte eu não posso negar) e ele não poderia me impedir. Minha mãe estaria na sala, pintando as unhas, de roupão e máscara na cara, falaria que eu estava linda, e pronto., Minha fuga seria completa. Toda sexta era assim, meu pai no quarto, minha mãe na sala, não entendo porque, já que a casa fica completamente livre...Livre pra eles pularem juntos no sofá, cantarem músicas dos anos 80 com o som no último volume usando escovas de cabelo como microfone, comer biscoito em cima da cama e não ficarem com raiva dos farelos...Sabe, coisas que EU sempre quis fazer, mas eles nunca deixariam.
  Sexta de manhã mal podia me conter, mas passei o dia vendo desenho, e sonhando com uma barra de chocolate gigante, que me deixaria toda melada, hum...bombons recheados, um pedação de pizza, bolo de chocolate, sorvete de chocolate, CHURROS DE CHOCOLATE! Minha boca salivava, mas eu tinha que me conter, ou então minhas celulites ficariam em evidencia, e Fê não iria querer ver nada daquilo, ainda mais na hora H... siim, hora H! Estávamos quase levando nosso relacionamento ao próximo nível!e eu tinha certeza que ele era o amor da minha vida, o meu príncipe encantado, imaginava latas penduradas no nosso carro escrito JUST MARRIED!
  Ele passaria às 22:00 pra me pegar e depois me levaria de volta às 3:00, o que me dava 5 horas pra fazer tudo direitinho, mas não conseguia parar de pensar se não era pouco tempo, já que pra me informar havia assistido uns filmes na internet, e parecia que 5 horas não seriam suficientes pra ele! Calma R. calma, seria suficiente sim.
  Comecei a me arrumar, coloquei minha calcinha mais sexy (uma branca com bolinhas rosa que parecia um shortinho com uma marca de beijinho no bumbum), um sutiã com algumas folhas de papel toalha (36 folhas pra falar a verdade), me olhei no espelho e UAU como eu estava turbinada!
  -Uau, se eu fosse um garoto, não resistiria-repetia pra mim enquanto apertava o enchimento e treinava algumas caras e bocas pra melhorar minha performance. -oh Fê, como você é bom nisso. Oh Fê, que coisa maravilhosa, UAU UAAAAAAAAAAAU!- Ok, talvez eu não fosse usar nenhuma dessas frases de efeito, mas nunca se sabe.
  Procurei um batom vermelho nas coisas da minha mãe, e enquanto tirava os bobs do cabelo (porque segundo minha revista favorita, cachos são sexys e convidativos para uma noite inesquecível) procurava algum tutorial no youtube para passar batom vermelho sem borrar nos dentes. Depois de pronta o make, olhei pro meu vestido, suspirei e disse:
  -Não me decepcione!
  Deitei na cama, abri o ziper do vestido e o fui colocando enquangto recitava um mantra em alto e bom som:
  -Você vai servir em mim, você vai servir em mim, você vai servir em...-prendi minha respiração enquanto terminava de fechar o zíper lateral com certa dificuldade- MIM! UHUUUUUUUUUUUUUUL- minha empolgação não pode ser vista pelos meus movimentos mínimos. Era meio difícil respirar, e se eu precisasse respirar fundo meu vestido certamente acabaria com um buraco.
  Coloquei minha sandália, baguncei mais meus cachos, e fiquei esperando, andando de um lado pro outro, tentando aprender a andar com um salto daquele tamanho. Quase caí algumas vezes, mas não podia demonstrar emoção nenhuma como gritar ou dar um suspiro longo.
  Ele chegou e corri pra porta, com o coração na boca pensando:finalmente finalmente finalmente!
  - E aí gata-ele me recebeu abrindo a porta do carro e me dando um beijo super longo.
  No caminho trocamos vários carinhos (até senti meu vestido levantando uma hora, mas eu resolvi fazer um mistério e delicadamente tirei a mão dele da minha perna)
  Chegamos na festa (não de mãos dadas claro, ele disse que como éramos universitários tínhamos que deixar os costumes da escola pra trás (e segundo ele andar de mãos dadas era coisa de criança). Conheci os amigos dele, e enquanto ele buscava algo pra beber, eu procurava me enturmar com meus futuros colegas, que pensavam que eram atuais colegas.
  Alguns perguntavam qual curso eu fazia, e logo que eu mentia e dizia -Jornalismo!- alguns respondiam -EU TAMBÉM! Você não acha dificil aquela parte da materia que diz que....
  -Er, olha, muito bom falar com voce, mas eu tenho que ir...-e continuava meu caminho entre a multidão animada... e meio bêbada, admito.
  Fê voltou com dois copos (que na minha cabeça pareciam mini baldes) com canudinhos coloridos.
  -Sex on the Beach...engraçado o nome não?- ele piscou pra mim e passou os lábios pelo meu pescoço (ooh Jesus, tenha piedade de mim, afaste esses pensamentos de pessoas impuras que passam pela minha cabeça)
  -Hehehe...m..m..muito engraçado mesmo-fechei os olhos e senti o copo balançando na minha mão, prestes a cair.
  -Você não quer... ir pra algum lugar mais... calmo?- a voz dele era tão sexy, MEU DEUS!
  Meu coração disparou, meus joelhos pareciam não responder aos meus comandos e parecia que eu iria desmaiar a qualquer hora. Dei um gole enorme no copo, ignorando o canudo, tentando virar tudo e me sentir pronta o suficiente.
  Ele segurou minha mão, e foi me guiando até o segundo andar.
  No caminho, vi algumas pessoas caidas na escada, duas em especial me chamaram a atenção, uma garota, e um garoto, sentados lado a lado, de mãos dadas sentados na escada. Isso seria perfeitamente normal se não fosse por um detalhe: eles vomitaram juntos, e depois...deram um beijo profundo e delicioso. Isso devia ser amor, uma forma bem...estranha de demonstrar o amor.
  Tomei cuidado pra não escorregar em nada, nem em ninguém, e joguei meu copo pra trás:
  -AAII @#$%@$ me molharam-ops, o resto da minha bebida pousou na cabeça de alguém sentado na parede de olhos fechados.
  Abrimos algumas portas, e recebemos em troca alguns palavrões por termos atrapalhado algumas pessoas que tiveram a mesma ideia que nós.
  Os quartos estavam ocupados.- ótimo- pensei.
  -Acho que vamos ter que descer...-a decepção não estava me consumindo, e eu até me sentia bem. Mas tentei minha melhor voz de tristeza.- Que pena..
  -Não se preocupa gatinha, tenho um plano B.
  Ele me puxou com força em direção ao fim do corredor, abriu uma porta, a única aberta por sinal:
  -Chegamos...acomode-se.
  Olhei em volta, imaginei se estava alterada por causa do alcool, não era possível. Ele não faria uma coisa dessas, nós estávamos em um...
  -Um banheiro! -eu disse com um sorriso de espanto. E era um banheiro MINUSCULO. a pia ficava loga na frente da porta. Não sei como caberia duas pessoas.
  -Isso. Tivemos sorte de achar esse lugar disponível, geralmente ele é bem disputado nas festas. Mas é claro que você sabe disso.
  -Claro, todo mundo precisa fazer xixi as vezes.
  -HAHAHAHAH você é uma comédia D.
  -Er..Meu nome é R.
  -ops...falei sem querer.
  Me senti desconfortável com tudo aquilo, mas precisava fazer uma performance maravilhosa.
  Ele me segurou forte pela cintura, e por um momento achei que havia aberto uma fenda no meu vestido. Puxou meu cabelo pra trás e começou a beijar meu pescoço fazendo barulhos estranhos com a boca. Ele mordia meu pescoço com um pouco mais de força do que a necessária, e eu estava lá, calada, sem saber o que fazer.
  Fê me pegou no colo, com as minhas pernas entrelaçadas em sua cintura e me colocou sentada na bancada da pia.
 -por favor, não rasgue, por favor não rasgue- pedia mentalmente imaginando como seria constrangedor chegar em casa com meu vestido faltando pedaços.
 Comecei a tentar imitar os movimentos que Fê fazia, se ele beijasse meu pescoço, eu beijava o dele, se ele puxasse meu cabelo, eu puxava o dele.
  Fê começou a passar as mãos pelas minhas pernas, e ficava cada vez mais difícil respirar devagar, e inspirar pouco ar, um pouco menos que o necessário.
  Comecei a sentir calor, e ele sussurrava no meu ouvido algumas coisas que até hoje não entendo o significado.
 O clima estava começando a esquentar, e aquele sex on the beach começou a fazer efeito.
  Alguns barulhos constrangedores saíam da pia, como se alguma coisa estivesse solta, mas aquilo era o que menos importava naquele momento.
  Na hora que Fê puxou meu cabelo pela terceira vez, um grito involuntário saiu da minha boca:
  -AAAAAAAAAAAAAI
  -AI MEU DEUS- ele parecia desesperado -Me desculpa, meu relógio ficou preso no seu cabelo, espera, fica calma já vou tirar. Droga, tomara que não tenha quebrado nada.
  -Não se preocupe, acho que está tudo bem. Náo doeu tanto -Disse quase chorando
  -Eu estou falando do meu relógio. Agora respire fundo que eu vou ter que puxar - Depois de muita força, o relógio dele se soltou do meu cabelo e levou junto algumas mechas. Segurei um segundo grito, mas a força da minha respiração me fez ouvir um barulho desagradável
 -AI MEU DEUS- gritei.
 Ele olhou assustado pra faixa de pele que ficava evidente, cada vez maior. Meu vestido rasgou do lado, e por um lado foi muito aliviante poder respirar normalmente.
 Contrário a todas as minha expectativas, ele sorriu com malícia e falou:
  -que bom que você facilitou meu trabalho, hehehe.
  Ele me puxou com mais força contra seu corpo, passa a mão nas minhas costas com força. Eu não podia negar que adorava aquilo tudo então resolvi retribuir. Comecei a puxar ele, e me apertar em seu peitoral. Nossos beijos ficavam cada vez mais intensos. Meus suspiros fizeram meu vestido rasgar mais e cair. Como se fizesse parte do meu show, puxei a camiseta dele com muita força, o que o fez bater as costas na porta.
 Continuamos e meu vestido ja estava no chão, e eu me achava maravilhosa com aquela calcinha de bolinhas.
 De repente, senti algo molhado em minhas costas. Olhei pra trás e parecia que a torneira estava um pouco aberta, mas a agua saía do caninho e vinha pra cima. Tentei fechar com força e a pia parou de soltar esses jatos indesejáveis.
  Me virei de volta e ele com um movimento brusco arrebentou o fecho do meu sutiã. QUE GROSSERIA! pensei. Ia chegar em casa como se tivesse acabado de ser assaltada, mas não tineha tempo de pensar nisso numa hora daquelas! Eu estava prestes a me tornar uma universitária completa.
 Ele começou a descer, beijando minha barriga, descendo descendo...
 Comecei a ouvir um barulho mais esquisito, como se alguma coisa estivesse enchendo, quase transbordando.
 Ele continuou seu percurso pelo meu corpo, beijando minhas coxas...
 O barulho aumentava, e parecia que eme algum lugar uma pressão muito grande estava sendo feita, e eu não fazia ideia do que era.
 Fê chegou no meu joelho, dando mordidinhas em volta dele.
 De repente, CREC. Ouvi um barulho pequeno de rachadura, e logo em seguida um barulho muito alto. A pia   demoronou atrás de mim, me arremessando pra frente.
 -AAAAAAAAAAAAAAI- meu joelho acertara o nariz de Fê. Fomos arremessados pra frente e a porta do banheiro quebrou com a pancada que demos. Fomos parar do lado de fora do banheiro, com a água começando a invadir o corredor e Fê com o nariz sangrando.
 Meu vestido ficara enterrado nos destroços da pia e eu não tinha ideia do que fazer.
 As pessoas no corredor nos olhavam, umas aterorizadas, outras riam muito.
 Levantei num pulo procurando minhas roupas, e tudo que achei foi meu vestido encharcado.
 Fê já estava de pé e olhava pra cima falando palavrões horríveis procurando algo para estancar o sangue.
 Ao entrar no banheiro escorreguei e fiquei molhada da cabeça aos pés.
  A água já invadira o corredor e eu pedia desculpas desesperadamente pelo nariz quebrado de Fê.
  O dono da festa apareceu, e com vários gritos nos expulsou da casa.
  Sentei no meio fio, segurando meu sutiã, com meu coração em frangalhos, morrendo de vergonha e disse:  
   -Ai, acho que agora somos só nós dois, senta aqui deixa eu te aju...
  Mas antes que eu pudesse terminar a frase, Fê foi embora, andando, de cueca, com a camiseta tampando o nariz, falando palavrões abafados.
  Torci meu cabelo molhado, e meu sutiã igualmente ensopado, peguei minhas sandálias na mão, suspirei e comecei a andar. Seria um caminho longo até em casa.
  Minha quase primeira vez foi uma desgraça. Acho que da proxima vez, se todos os quartos estiverem ocupados eu não vou lutar contra as forças da natureza e me enfiar em um cubiculo de banheiro. Aquela não era a hora certa, e eu precisei quebrar uma pia e um nariz pra perceber isso.
  Dei uma risadinha lembrando de tudo e continuei meu caminho pra casa, pensando em uma desculpa muito boa para meus pais.
  Posso riscar Gatinhos da faculdade da minha lista. todos eles só pensam em uma coisa mesmo. Ou talvez eu não risque, já que um deles me convidou pra sair semana que vem.


        Ass:
 

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Passa a bola pra lá.

  Acordei sábado de manhã vibrando, preparada e certa de que aquele dia seria maravilhoso. Era o dia da formatura. Eu finalmente sairia do Ensino Médio (e me livraria do pão de queijo laranja da escola iupiii (: ). Levantei 6 da manhã e não conseguia conter minha emoção, aquele dia seria ótimo, todo feito pra relaxar, tomar sidra de maçã (que seria convertido em suco de laranja se minha mãe soubesse que de fato havia alcool além de gás e suco de maçã), depilar, fazer as unhas do pé (coitada de quem tivesse que encostar no meu casco de tartaruga) arrumar meu cabelo, e o melhor, com as minhas amigas!.
  Olhei meu tarô e meu horóscopo e tudo indicava que meu dia seria ótimo e que o amor da minha vida estava a caminho (não sabia porque mas tive a impressão de já ter lido isso umas 5 ou 6 ou 500 vezes).
  O principal motivo da minha empolgação chamava André. Ele teve a sorte de ser nomeado amor da minha vida justo na semana da formatura, enão não podia decepcioná-lo.
  Ele era maravilhoso, nem alto nem baixo, nem magro nem gordo, nem loiro nem moreno, ele era ÚNICO!
Já tinha planejado tudo, desde o nosso primeiro beijo até o que seria escrito em nosso túmulo quando morressemos juntos e fossemos enterrados na mesma cova, eu por cima logicamente por vários motivos. ''nem a morte nos separa''.
  Esperei até as 9 pra sair da cama e esperar minhas amigas chegarem.
  Ouvi a buzina do carro de uma delas enquanto tomava café e saí correndo dando saltinhos e imaginando meus soluços quando ficasse bêbada de sidra.
  Passamos o dia inteiro fofocando e planejando meu casamento com meu lover. Talvez eu estivesse sendo meio preciptada...ah que nada, era bom planejar pra não ter surpresas desagradáveis.
  Cheguei em casa rindo à toa e me arrumei com uma velocidade considerável. Esperei minha mãe ficar pronta (o que levou algumas horas a menos que eu). Meu pai e meus irmãos já haviam saído depois de 2 horas implorando pra terminarmos logo. Cada vez que ouvia ele mencionar a hora um palavrão passava pela minha cabeça, mas eu, sendo uma boa filha, apenas fazia um gestinho obsceno pro espelho e tentava fazer uma voz rouca e de homem junto com uma careta repetindo os horários que ele falava ''9 e meia R., anda R, 9 e 31 R. 9 e 32 R.''
  Entrei no salão e a primeira coisa que fiz foi procurar meu alvo. Ele não devia estar longe.
  Fui surpreendida por 3 meninas da minha sala me entregando copos com...alguma coisa alcoolica (que eu percebi depois que minha lingua começou a ficar dormente). Fomos pra pista de dança e minha cabeça girava de um lado pro outro procurando meu noivo imaginário.
  O encontrei dançando com os amigos que pareciam simpáticos e depois de mais 2 copos criei coragem e mandei um olhar sedutor (logo depois uma das meninas me perguntou se havia caído um cisco no meu olho, mas eu não liguei, sabia que era sexy).
 André deu uma olhadinha, virou e deu uma risadinha com os amigos. Eu e minha auto-confiança enorme resaolvi me aproximar e falar um oi.
  Esperei ele ir ao banheiro e fiquei esperando de prontidão na porta.
 Quando vi sua grava borboleta aparecer dei um pulo na sua frente, e com um sorriso (menos ameaçador que o sorriso que mandara pros últimos) me coloquei de frente com ele e fiquei lá, esperando um contato verbal.
  -Er...posso ajudar? -ele perguntou. OUN ele parecia tão fofo, e tão gentil, achou que eu estivesse com problemas. E ele lavava as mãos depois de usar o banheiro. Ele passava a mão na calça pra secá-la. Que gracinha.
 -Pode. Pode começar me pagando um drink. -Pisquei os olhos e mexi a cabeça como se estivesse com vergonha, encolhendo-a e olhando para baixo.
  -Ahm...T..tá bom, mas aqui nao tem drinks.
  -oh...ok, então pode me pagar uma cerveja.
  -Eu.. não tenho dinheiro e tenho que...-Tadinho, vai ver ele ficou sem graça por nao ter dinheiro. Resolvi me mostrar uma garota independente e antes que ele pudesse terminar a frase eu sugeri:
  -Nãao não, tudo bem, eu pago.
  -Ah..então...ta bom...
  Meu coração quase não aguentava de emoção, e achava que a qualquer hora ele poderia explodir.
  Sentamos nos banquinhos do bar e pedi duas cervejas.
  -Então.. me conta mais de você- coloquei minha mão sobre sua perna e imaginei coisas muito, MUITO erradas.
  -Eu... Bom... André, 18 anos, formando -e deu um sorrisinho sem graça- time de futebol da escola, mas isso você já deve ter notado pelo físico- ele esticou os braços e os dobrou fazendo força pra mostrar os músculos. Isso me fez pirar e quase cair da cadeira. Ele ERA o amor da minha vida.- Odeio quem odeia futebol.
  -Eu gosto de futebol - completei.
  -Parabéns. Enfim, sou de Virgem, mas de virgem eu não tenho nada -ele fez uma pausa para um longo arroto. Me apaixonei mais ainda, primeiro, ele era um cara experiente, segundo acreditava em horóscopo, e terceiro, ele achava que tinha intimidade o suficiente para produzir barulhos estranhos na minha frente!!!
  -Eu fico puto quando encontro garotas burras.
  -Ah eu também, aliás você já leu aquele último livro do..
  -Quer dizer, que garota no MUNDO não sabe qual é a regra do impedimento? Fala sério, toda garota devia ter um manual de futebol, elas esperam que nós expliquemos tudo, NO MEIO DE UM JOGO! -Outro arroto.
  Estava fascinada! Além de tudo ele era..inteligente.Quis mostrar que eu era uma garota a altura e comecei
  -Bom, eu sou de peixes o que diz muito, 18 anos, me formando, e procurando o amor da m...
  -Po, eu vou ali nos meus amigos, mas fica aí que eu já volto e você continua me contando.
  Antes que eu pudesse falar alguma coisa ele se levantou e sumiu na multidão. Esperei alguns minutos (45 pra falar a verdade) e  pensei que talvez ele tivesse esquecido de me encontrar. Que bonitinho, além de legal ele era esquecidinho. Um charme.
  Voltei pra pista com uma certa dificuldade de andar, encontrei meu grupinho e o procurei de novo.
  Ele passou do meu lado, pude sentir pelo perfume e sussurrou no meu ouvido:
  -Na entrada dos fundos, em 5 minutos.
  Meu coração parou!!!! IA ACONTECER, EU IA BEIJAR O AMOR DA MINHA VIDA FINALMENTE!!!
  Fiquei olhando meu relógio e quando o ponteiro dos segundos parrou pelo 12 pela 5 vez saí correndo.
  Ele estava parado na parede me esperando. Encostei ao seu lado e estava pronta pra declarar todo meu amor guardado por anos (ou dias... 7 pra falar a verdade)
  -Como é seu nome mesmo?
  -R. -Falei tremendo
  -R. então eu queria...
  Não me conti e o interrompi.
  -Eu sei eu sei, eu também quero! Percebi que nós tinhamos uma ligação desde a hora que começamos a conversar! Eu nunca estive tão apaixonada! E sei que é recíproco! Já imaginei como serão nossos filhos! Você pensa nisso? e no nosso casamento? Temos que começar a olhar tudo desde já porque sabe como é, o preço das passagens pra Bora Bora vão aumentar então é claro que se começarmos agora...
  Ele olhava pro lado como se estivesse pensando, que lindo, tinha vergonha de olhar nos meus olhos. E o jeito que mascava aquele chiclete... Me deixava louca!
  -Por isso eu não me declarei antes, fiquei com medo de você não corresponder, mas eu sei que é verdadeiro agora, EU TE AMO!
   Silêncio.
   Silêncio.
  -André?
  -Ah sim - disse ele olhando pra mim como se tivesse acabado de acordar -Claro, posso sim te arrumar ingressos pro jogo de quinta. Agora, eu queria saber, qual é o nome daquela sua amiga filé? Nossa ela é uma delícia, será que rola de você me apresentar pra ela? Muuuito gata.
  Fiquei ali parada. Olhando pro nada. Minha amiga. MINHA MALDITA AMIGA. Depois de uma declaração daquele tamanho ele me pede pra apresenta-lo pra MINHA AMIGA? QUAL ERA O PROBLEMA DAQUELE CANALHA?
  Minha mão foi de encontro ao peito dele, em forma de porrada, e logo depois me virei pra ir embora.
  -Muito bem! Só precisa de mais força e em breve voce poderá fazer parte do time feminino.
  Virei as costas sentindo a cabeça esquentando e girando
  -Prazer conhecer você J.!
  Voltei na tentativa de argumentar e falar algumas palavras censuráveis, levantei o dedo e abri a boca, mas desisti pensando que seria em vão.
  Fui pra fora da festa, sentei no meio fio, tirei minha sandália, soltei meu cabelo e fiquei olhando pra frente. Eu não tava triste, não tava com raiva, não sentia nada.
  Descobri que jogadores de futebol só amam uma coisa, a bola. Ok, talvez duas, a bola, e a si mesmos. Droga, tive que cortar jogadores de futebol da minha lista. Que pena, são todos tão gatinhos...

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Foi um acidente!

Acordei num Sábado de manhã e o dia estava maravilhoso. Parece até coisa de filme né? Fim de semana ensolarado, combina totalmente com clube. Com praia, com qualquer coisa que envolva água, e cadeiras de Sol, e água de coco de preferência beeeeem gelada, e claro a companhia de um gato maravilhoso bronzeado e malhado de preferencia. Não que eu pudesse falar alguma coisa, com essas celulites que infernizam meu bumbum como que eu poderia reclamar de uma barriguinha meio mole?
     Levantei e vesti meu melhor biquíni, naquele dia tinha certeza que ia conhecer o amor da minha vida (todos os dias eu tinha a mesma sensação, mas que culpa eu tenho? sou de Peixes, sou sonhadora e muito lerda por natureza. Li meu horóscopo matinal que me dizia que hoje era o grande dia. Acho que esse horóscopo estava quebrado, já que nos ultimos 17 anos, meu horóscopo sempre dizia: HOJE É O GRANDE DIA. e a coisa mais emocionante que aconteceu na minha vida foi o grande dia que bati de cara em uma porta de vidro e quebrei o nariz. Por que horóscopos não podiam ser específicos e falar: HOJE É O GRANDE DIA, e em letras pequenas continuas: que você irá rasgar o queixo. Faria mais sentido.
     Fui para o clube, sozinha mesmo, adorava fazer isso, podia tomar Sol o dia inteiro e só sair de lá quando a ambulância vinha me buscar toda torrada e com insolação. Mas naquele dia meu horóscopo tinha acertado. Tinha quase certeza que ia achar o amor da minha vida. Ele passou por mim todo molhado com uma sunga brance, o que despertou pensamentos muito... inadequados pra minha idade. Me senti uma pervertida. E em uma cena de Beverly Hills 90210. Um moreno maravilhoso daqueles só podia ser um sonho, mas como meu horóscopo me afirmou que aquele era o grande dia, resolvi investir.
   Levantei, ajeitei a parte de cima do biquini de forma que ficasse com muito volume,dividido no meio, encolhi a barriga e andei devagar pra não balançar meu bumbum.
   Puxei um banquinho na mesa da lanchonete e mandei o meu melhor sorriso.
-Ahm..oi - ele me olhou meio assustado
-Oi. Tudo bem?
Conversamos essas formalidades por alguns minutos, até que o assunto mudou, nos apresentamos (o nome dele era Rafael. olha que lindo, R. e Rafa) ele fazia faculdade, trabalhava meio período e morava com os pais (que gracinha).
Em dois minutos comecei a pensar que ele era sim o amor da minha vida. Claro que era, lindo, legal, e sem pelos na barriga (e fiz a pergunta principal e pra minha sorte ele me jurou que não era gay).
Eu já começava a suspirar em cada palavra que ele dizia, e meu olhar já era de alguém extremamente apaixonada.
Resolvemos voltar pra minha mesa e pedir mais águas de coco, que emocionante!
Sentamos ali e bebemos mais do que minha bexga poderia suportar, mas eu não ligava, não podia sair dali de jeito nenhum, mesmo que estivesse morrendo de vontade de fazer xixi, e já estivesse me contorcendo pra segurar. Foi quando ele me chamou pra ir pra um lugar mais escondido, e mesmo com dificuldade de andar e uma barriga de grávida eu fui, afinal eu sou muito esperta, e sabia exatamente o que iria acontecer.
Sentei em uma bancada, com as pernas cruzadas suando frio, com medo de não aguentar. Mas não podia de jeito nenhum sair dali e quebrar o clima.
Ele veio se aproximando, se aproximando, falando coisas fofas, e falando de como meu biquini era bonito e como eu era atraente. Eu devia ter falado: são seus olhos. Mas não conseguia nem abrir a boca.
-E. eu... queria te falar que... conhecer você foi...- entre as pausas ele beijava minha buchecha, meu pescoço, e eu queria muito muito poder aproveitar o momento, mas aquela maldita vontade não me deixava pensar em outra coisa.
Depois de uma enrolaçãozinha, ele entrelaçõu os braços no meu pescoço e me beijou, intensa e deliciosamente, me fazendo relaxar, relaxar até demais.
Na hora que Rafa descruzou minhas pernas, não tinha ideia da força que ele tinha, me puxou contra seu corpo, de um jeito bruto, forte o suficiente pra me fazer soltar um gemido.
Um gemido de desespero na verdade, já que com esse movimento não aguentei, e em alguns segundos minha vontade de fazer xixi estava passando e eu ouvia pingos caindo no chão.
A última coisa que ouvi ele falar foi um palavrão muito muito MUITO feio, enquanto pulava pra se secar, mas já era tarde, a sunga já tinha uma manchinha (manchona na verdade) que ficava evidente que quem teve um acidente urinário tinha sido ele.
-Foi um...acidente!- tentei gritar, mas em vão, porque mais uma vez ele fez um gesto obceno com o dedo do meio, e continuou andando gritando: ECA ECA ECA.
Continuei sentada ali, com a bexiga vazia, e o coração também, e com a cara no chão.
Daquele dia em diante eu percebi que, quando a gente não fala o que tá desagradando, noss ferramos, ou nos molhamos e que dali pra frente eu ia sempre ser sincera com meus namorados em potencial. AH que se foda, eu aprendi a não beber água de coco antes de ir beijar na boca um gato sarado, porque eu ia acabar sentada toda mlhada ouvindo só  os pingos caindo no chão, e os palavrões mais feios do mundo.    



                                      
Ass:
  

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Nossa que cabelo... bonito

Sentei no bar como uma verdadeira dama e olhei o cardápio de drinques. Tinha que aprender a beber alguma coisa de adulto já que em alguns meses seria meu aniversário de 18. Decidi que ia sair do tradicional (suco em pó com gelo e vodca) e aprender a beber como gente grande. O cardápio era enorme e as pessoas nas mesas atrás de mim pareciam gritar me desconcentrando totalmente da minha leitura. Como eu disse, eram muitos nomes pra ler, então resolvi pedir um aleatoriamente e voltar logo pra minha mesa.
-Dry Martini por favor - Falei como se conhecesse aquela bebida há séculos, apesar de o garçom parecer ter percebido que eu não fazia ideia do que ia beber.
   Continuei lendo o cardápio até que minha bebida chegou, mas ao invés de voltar para a mesa continuei sentada naquele banquinho giratório, descascando alguns amendoins. Dei o primeiro gole. CREDO, pensei. Mas como uma pré-adulta continuei tomando com uma cara maravilhada. Terminei o primeiro e vasculhei mais o Menu na tentativa de fazer uma escolha sábia. Pedi uma vodca de pêssego com gelo.
   De repente um garoto muito do bem vestido, com um perfume que dava pra ser sentido de longe sentou ao meu lado:
-Pêssego ahm?! Minha favorita.
  Dei um sorriso sem graça
-Vinícius, muito prazer. - Ele esticou a mão como se ainda vivesse nos anos 40.
-R. -apertei sua mão. Muito macias, lisinhas, poderia apertá-las a noite toda.
-Uma dose de pêssego por favor. - ele pediu ao garçom que se aproximava.
Conversamos por alguns minutos enquanto minha vodca e a dele não acabavam. Ele tinha um sotaque impecável, dentes brilhantes, e os olhos pareciam reluzir com a luz do lugar.
Ele me contou que já tinha viajado para muitos lugares, elogiou minha blusa e falou que meu cabelo era lindo, além disso falou que eu parecia mais jovem do que era, e meus pés pareciam que a qualquer momento iam parar de tocar o chão.
-Vamos pedir outra? De que dessa vez?
-Deixa eu ver aqui...-peguei o cardápio -uma de kiwi.
-Duas de kiwi por favor. Então R. me conta mais, o que você faz da vida?
Contei da escola que acabara de terminar, da faculdade que ia começar em alguns meses. Ele me contou que já fazia faculdade há um tempo e que morava com um amigao que ele estranhamente chamou de 'parceiro'.
Bebemos a vodca de kiwi, e eu já começara a rir alto de tudo que ele falava. Minha língua começou a adormecer e meus olhos pesavam, mas eu me sentia extremamente feliz. Tinha certeza que naquela noite eu iria fazer o que mais precisava: beijar na boca. Isso era ótimo. Na minha mente depois do nosso beijo apaixonado ele me chamaria pra sair no dia seguinte, saíriamos por um tempo, namoraríamos, casaríamos, e em breve ele estaria trocando as fraldas dos nossos bebês.
Pedimos um drinque que não lembro bem o nome, mas era rosa em cima e verde cintilante na parte de baixo. Já estava ficando alterada, mas mesmo assim ainda conseguia pensar com muita clareza.
-Porque o que eu penso sobre desmatamento é...- Vinícius me falava sobre sua posição política ambiental enquanto eu analisava os traços da sua boca, formava um coração.
-Mas se algum dia eu tivesse que escolher entre vestir...-Ué, ele já tinha mudado de assunto? O tempo passava tão rápido, e eu nem tinha percebido que já eram quase 2 da manhã.
-R. nós temos tanto em comum! Estou amando ter conhecido você. Espero que sinta o mesmo.
Eu tinha que tomar alguma atitude, já estava boa o suficiente pra falar para V. dos meus sentimentos que haviam acabado de nascer. Mal podia esperar. Afinal ele sentia o mesmo!
Fui aproximando meu banco giratório do dele, e sorria a cada palavra que ele dizia, coloquei minha mão na sua perna e ele me olhou. Sem falar nada fui aproximando meu rosto do dele enquanto ele continuava a falar, nervosismo, pensei. Continuei a chegar perto, meu coração já estava disparado e meu beijo seria certeiro, o caminho direto para o barco do amor com destino pra minha Lua de Mel.É AGORA É AGORA É AGORA. pensava com euforia.
Quando minha boca estava há alguns milímetros da dele uma voz atrás de nós gritou:
-Meu amor, me desculpa a demora! -Olhei para trás, e um cara de quase 2 metros olhou pra mim.
-Caralho, quem é esse estragando meu momento? Ou eu estou muito bêbada pra não reconhecer meu próprio namorado ou ele que está. -Falei meio enrolado para V.
Ele se afastou de mim aos poucos, e com um sorriso puxou o armário-homem que estava atrás de mim:
-R. esse é Deco. Meu companheiro de apartamento.
Houve uma pausa. Ufa e eu pensando que poderia ser...
-E meu namorado. - O armário completou fazendo meu queixo cair
-Desculpe, acho que estou alta demais. O que? -Perguntei estática.
-É, meu namorado R. você não sabia? Achei que tinha ficado claro. Somos  gays. Agora temos que ir, mas foi muito bom conversar com você. - E me deu dois beijinhos na buchecha.
Eu fiquei lá, parada olhando pro copo vazio. Gay. Claro. Como não pensei nisso?
-É amiga... Agora só me resta você...-conversei em vão com o copo de vodca vazio.-Garçom, me ve uma dose de tequila. Uma não. Duas. Se tem alguém que nunca vai me abandonar é o José Cuervo.
ÊÊ zé. E eu tentando te trocar pra virar gente grande.
Passei o resto da noite na companhia do meu travesseiro, em casa. Da próxima vez que um homem elogiar meu cabelo vou fazer uma pergunta bem direta que pode mudar muito as coisas: Você é gay?






Ass: 

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Cibernétic...a (?)

-Pronto, agora é só apertar ok e... ótimo.
Sabe, todo mundo já deve ter passado por uma época de desespero em encontrar o príncipe maravilhoso, aquele gato sarado, loiro ou moreno, super, mas suuuuuuuper sensual. E eu, claro, estava passando por uma fase daquelas.
Apertei o botão de confirmar, consolidando minha inscrição no site de relacionamento que prometia achar meu par perfeito do jeito que eu queria. Moreno, alto, sorriso sexy, dentes brilhantes. Quase não me aguentava de felicidade, eu estava a apenas alguns cliques do altar!
Já me imaginava de branco linda e maravilhosa, minha Lua de Mel em Bora Bora, nossos 4 filhos correndo pelo jardim com nossos 3 cachorros. O bolo de carne na hora do jantar.
Esperei alguns minutos até que recebi uma mensagem de um tal de Thales.
Pulei na cadeira na hora e gritei pra mim mesma: CASAMENTO AÍ VOU EU!
Começamos a conversar, e a cada minuto meu príncipe se tornava mais e mais real. Ficamos a noite inteira falando sobre musica, casas, nomes, cachorro quente, dor de estomago, e descobri até que ele gostava do mesmo aroma de talco pra pé que eu!
Passamos dias naquela conversa maravilhosa, virando noites e noites, e o Thales...aah o Thales, só o nome dele (que ahm.. é meio feio por sinal) já fazia meu coração palpitar.
Um dia cheguei da escola correndo tirando o tenis e as meias furadas e sentei a espera do meu suposto amado.
'finalmente você apareceu, já nao aguentava mais esperar'
'oun seu fofo, por que voce nao me ligou?'
'Vou ligar mais tarde, escrevi uma carta pra você e quero que você escute (:'
Esperei até ele me ligar e me contar o que de tão interessante tinha na carta. Era uma declaração maravilhosa que achava que homem algum seria capaz de escrever. Com um monte de eu te amo e planos para o futuro, eu já estava apaixonada sem nem mesmo conhece-lo. Achei que deveria marcar um encontro, lógico, só faltava isso pra tudo aquilo virar um namoro sério, firme, maravilhoso.
Liguei pra ele e pedi com toda a empolgação do mundo pra nos vermos. Não sei não, mas parecia que ele não fazia muita questão disso, mas eu, insistente, ordenei (implorei), mandei (quase precisei chorar) ele me encontrar no shopping no dia seguinte. Totalmente contrariado  ele aceitou, claro.
Passei o dia inteiro me arrumando, depilei as pernas, fiz escova no cabelo, depilei até meu bigodinho (que eu carinhosamente chamo de penugem). Tudo estava perfeito!
Cheguei no lugar marcado, meu coração pulava de emoção e de medo. Mal podia esperar pro meu amado aparecer no seu cavalo branco (ou em uma bicicleta) vestido de principe (ou de bermuda e chinelo) me agarrar e me dar um beijo de filme.
Esperei meia hora. Esperei uma hora. Esperei uma hora e meia, e a única pessoa por perto era uma garota que não parava de me olhar me achando patética por sacudir tantos as pernas de nervoso.
De repente a garota sumiu, e meu tédio já quase me consumia quando eu senti aquelas mãos fecharem meus olhos, meu coração saltando de felicidade, minhas mãos geladas tocaram as dele, e eu falei ainda de olhos fechados:
-Thales?
Ele não respondeu. Tímido, que gracinha. Tentei tirar a mão dele dos meus olhos para poder abraça-lo, mas ele fazia força pra nao soltar.
De repente, fiz uma força que nao sabia que existia em mim e num impulso o puxei para um abraço sem nem ao menos olhar seu rosto.
Foi aí que senti alguma coisa estranhha me prensando na parte do seu peitoral. Alguma coisa protuberante, que não deveria estar ali, alguma coisa não. Duas coisas. E aí percebi que seu cabelo era maior do que o da foto que havia me mostrado, bem mais longo na verdade, e que seu perfume era doce como perfume de...
-MULHER? -gritei, arregalando os olhos enquanto olhava para aquela figura à minha frente. Era a menina que estava sentada do meu lado.
-Er...surpresa -E ela deu um sorriso de orelha a orelha me puxando para dar outro abraço.
-V..Você é o...
-Thales, é sou eu. Um pouco diferente do que você imaginava não é? Mas eu sei que nosso amor é verdadeiro! Eu sou o Thales, eu sou o seu Thales!
Não sabia o que fazia, se chorava, se gritava, se corria. Thales era na verdade A THALES, e eu nem sabia qual era o nome verdadeiro daquela anfitriã da festa do inferno.
Respirei fundo dez vezes enquanto ainda escutava o discurso dela
-...Porque eu tive medo de você me rejeitar, eu te amei desde o primeiro momento que eu te vi, e nada poderia mudar. Eu te...
Antes que ela pudesse terminar a frase, meus nervos subiram e em dois segundos depois o dente da frente daquela destruidora de corações estava rolando pelo chão, junto com a minha esperança de arrumar um namorado.
Virei as costas e fui pra casa. No mesmo dia apaguei todos os perfis nos sites de relacionamento que tinha. TODOS. Da próxima vez vou querer conferir o produto antes de comprar.



Ass:

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Amor COM escalas.

     ''Entra nesse avião. ANDA, entra que vai dar tudo certo'' Pensei naquela viagem pelo menos por 2 horas antes de decidir colocar os pés dentro daquele avião.
     Tomei mais 2 comprimidos do meu calmante natural que mais funcionava, amarrei o cadarço do all star de oncinha e me despedi cruelmente da vida. Ok, era uma viagem de 2 horas, as piores duas horas da minha vida eu diria. Seria melhor passar 7 horas dentro de um carro. Mas tendo em vista que no auge dos meus 16 anos, o único carro que eu poderia dirigir era o de controle remoto do meu irmão.
    Era a primeira vez que eu pegava um avião SO-ZI-NHA. Eu sei, e sei, como meus pais tiveram CORAGEM de deixar uma pobre garotinha viajar sozinha pra visitar os avós?
      Sentei na minha fileira, procurei a saída de emergência mais próxima, apertei o cinto e comecei a praticar minha iôga relaxante, tentando pensar em coisas felizes.
     'É, sorvete, sorvete é uma coisa bem feliz, quer dizer, é gelado e.. eu daria tudo pra estar na sorveteria, e não nesse inferno com asas''
     Estava quase na hora de o avião decolar, e as portas já estavam quase sendo fechadas.
    'Ótimo' pensei 'Pelo menos eu tenho essa fileira toda pra mim'.
     Fechei os olhos e comecei a cantar alguma coisa, sem perceber, alto demais.
     -Er.. Com licença...- Fui interrompida por uma voz angelical vinda do corredor.
     Olhei e com a voz trêmula disse:
    -Er...sim?
    -Acho que esse é meu lugar...
    Olhei meu bilhete mais uma vez. Não, eu era ali mesmo, na janela, e dali ninguém me tirava.
   -Acho que você é no assento do meio - Dei um sorriso falso e continuei olhando pra frente, tensa, MUITO tensa.
    -Ah, sim, claro. - Ele deu um sorriso de orelha a orelha.
    Quando a decolagem autorizada foi anunciada, um pânico intenso tomou conta de mim. Tomei mais um comprimido. Comecei a fazer uma oração mental, implorando pra não morrer.
   'Meu Deus, por favor, eu prometo que se eu não morrer eu não vou...''
   -Então, como é seu nome? - A essa altura o avião já andava, e eu suava frio, se o avião não me matasse, meu medo provavelmente iria.
    -É... é... R. - Falei apertando os apoios para braço dos assentos.
    -O meu é Edu.- A voz dele era tão calma, que minha vontade era perguntar se ele estava feliz de ir morrer.
     O avião começou a subir e a cada sacudida minhas mãos esmagavam involuntariamente o apoio de braço.
    -V..Você está bem? - Ele me olhou assustado.
     -Claro... Claro.. Por que não estaria?
     Ele apontou para minha mão, e seus dedos estavam esmagados entre os meus, com as pontas roxas. Arregalei os ohos e soltei rápido quase implorando perdão.
     A primeira hora passou rápido e por alguns momentos ele até conseguiu me distrair, tomei mais uns comprimidos que não estavam funcionando. Uns 5 eu diria. O serviço de bordo chegou e Edu me ajudou a segurar o copo de suco de laranja que não parava de tremer nas minhas mãos. Comi com tanta pressa que assim que terminei, ele ainda comia as torradinhas de aperitivo.
     -Melhor?
     Fiz que sim com a cabeça, e até consegui soltar um sorriso, o meu pesadelo nem era tão ruim assim, afinal, estava conseguindo me distrair e não pensar naquela altura desgraçada, nem no peso do avião que poderia cair e me esmagar como uma mosca.
    De repente, o aviso de atar cintos se acendeu e o serviço parou, o comandante anunciou que iríamos passar por uma área de 'instabilidade'. Meu coração saltou, me agarrei ao apoio novamente e comecei a rezar. Começamos a sacudir, e eu me sentia dentro de um triturador.
    Numa tentativa desesperada de implorar pela vida comecei a gritar.
''MEU DEUS POR FAVOR, EU PROMETO QUE VOU COMEÇAR A IR À MISSA TODOS OS DOMINGOS, E VOU REZAR TODOS OS DIAS E ME CONFESSAR, MAS POR FAVOR NÃO DEIXA ESSE AVIÃO CAIR. EU PROMETO QUE NUNCA MAIS VOU MENTIR, E DIZER PRA MINHA MÃE ADOOREI ESSA BLUSA DE TRICÔT QUE VOCÊ FEZ PRA MIM, E DEPOIS DIZER QUE EU PERDI, NUNCA MAIS VOU COMPRAR SUTIÃ TAMANHO 44 E ENCHER COM UM PAR DE MEIAS, NUNCA MAIS VOU COMPRAR UMA CALÇA TAMANHO 38 E CORTAR A ETIQUETA DIZENDO PARA TODO MUNDO QUE É 36, E NUNCA MAIS, NUNCA MAIS MESMO, EU VOU COLAR NA PROVA DE BIOLOGIA...'' e aí o avião deu uma tremida mais forte ''OK EM QUALQUER PROVA, MAS POR FAVOR MEU DEUS, POR FAVORZINHO''
     Nessa hora lágrimas já rolavam pelo meu rosto meu coração saltava, e não conseguia achar meus comprimidos pelo chão.
     Edu me abraçou tentando me acalmar, ou tentando me fazer parar com o show, o que não adiantou, continuei numa tentativa frustrada:
   - EU NUNCA MAIS VOU OLHAR PARA A BUNDA DE NENHUM GAROTO EM UM AVIÃO, NUNCA MAIS VOU BEIJAR MAIS DE UM GAROTO POR MÊS, EU POSSO VIRAR FREIRA MEU DEUS, POSSO SIM! PROMETO NAO COMER SOBREMESA ANTES DO JANTAR, PROMETO NÃO TENTAR MAIS PASSAR MINHA ASMA PRO MEU JABUTI EMBAIXO DA CAMA, NEM JOGAR PAPEL DE BALINHA NO MEU ESTOJO, PROMETO QUE NUNCA MAIS VISTO UMA CALCINHA FIO-DENTAL PRA ME MOSTRAR PRO PROFESSOR, E PROMETO QUE NUNCA MAIS TENTO FICAR COM ALGUÉM EM UM AVIÃO...''
   Quando me dei conta, Edu olhava com vontade de rir.
   -O QUE QUE É? Você acha engraçado? estamos indo morrer, MORRER EDU!
  -R... É verdade? Que você está tentando..
   -Não acredito, NÃO ACREDITO, MEU DEUS POR FA...
  -A Turbulência acabou...
   -VOR EU PROMETO QUE NUNCA MAIS EU VOU... O que?- Levantei a cabeça e olhei ao meu redor, todos olhavam, alguns rindo, outros com raiva, tinha virado a atração principal do vôo.
   Afundei minha cabeça no banco, sentindo uma pontada na boca do estômago, minha cabeça girava e a única coisa que eu queria era um buraco pra me esconder.
   Edu me olhou de novo, meus olhos estavam pesando, e minha cabeça parecia que ia cair.
   -Então, é verdade?- Ele segurou meu rosto e olhou dentro dos meus olhos.
   Não conseguia responder, meu estômago estava querendo saltar, não devia ter tomado tantos comprimidos, nem comido tão rápido.
  Ele foi se aproximando e fechando os olhos.
  -Edu.. eu... - Minhas mãos começaram a suar frio, minha barriga fazia uma força involuntária.
   Ele se aproximou mais, e nossos lábios estavam quase se tocando.
   'Essa não, por favor não, não agora...'
   Mas era tarde demais, tentei falar alguma coisa, mas antes que pudesse dizer qualquer palavra, minha cabeça se inclinou no colo dele e tudo que havia comido, em alguns segundos estava em cima da calça branca de Edu. Achei que não ia conseguir parar.
   A única coisa que consegui ouvir foi Edu gritando um palavrão e depois dormi como um anjo.
   A comissária me acordou e minha cabeça ainda doía. Eu era a última passageira no avião e eles precisavam limpar a cabine.
   Levantei completamente desnorteada, peguei minhas coisas, e o gosto azedo de suco de laranja com torrada e geleia ainda estava na minha boca.
   Peguei minhas malas, e vi Edu de longe com a calça manchada e uma cara de emburrado. Me escondi no meio de todos e saí de fininho para encontrar meus avós.
   -R.! - Minha avó me abraçou, a ainda sentia meu estomago doer. - Como foi a viagem?
   Olhei para trás e o vi vindo na direção da porta do desembarque, dei um sorriso e em troca recebi um gesto bem.. obceno.
  -Foi.. interessante.
  Naquele dia, descobri que concerteza, nunca vou achar um namorado durante um vôo. Mas tudo bem, tem milhares de formas seguras que não envolvam altura de se achar alguém. Posso riscar aviões da minha lista.
  Ou posso riscar comprimidos, não sei, tenho bastante tempo pra pensar.


Ass:

Diário superpúblico da R.

   Ahm.. Acho que precisava começar a fazer isso, pra... Compartilhar minhas experiências frustradas.
   Comecei um projeto de ''ache um namorado pra mim mesma'' e me coloquei nas melhores e piores situações pra achar alguém, e sabe, eu descobri que.. Eu devo ser a pessoa com menos sorte do mundo nesses assuntos, sei lá, eu decidi que deveria escrever sobre só pra me lembrar todos os dias das minhas frustrações no amor. Não são poucas, nem são MUUUUUUUUITAS também porque ninguém merece, eu tenho um certo charme também ok? Então eu resolvi, eu vou achar um namorado, custe o que custar, e eu tenho uma lista bem grandinha até de lugares em potencial pra achar a tampa da minha panela. Só tomara que não demore muito. Torçam por mim (: Preciso provar pra mim mesma que não sou em desastre completo como eu pensava. Eu só sou... ahm.. diferente (:  E ser diferente deve ser bom. Agora vou poder riscar da minha lista cada lugar que não funcionar pra mim. E vai ser ótimo dividir isso com alguém. Me desejem sorte (yn)
Assinado