Passei a semana sem comer nada além de brócolis, alface e frutas, pra caber no meu melhor vestido, que por um acaso era o mesmo que meu pai NUNCA me deixava usar e meus argumentos sempre eram insuficientes, mas eu já havia planejado tudo, na hora da festa ele estaria no quarto, então eu entraria, colocaria a cabeça pra dentro, daria tchau, mandaria um beijo e falaria eu te amo não volto tarde, você é o melhor pai do mundo (essa parte eu não posso negar) e ele não poderia me impedir. Minha mãe estaria na sala, pintando as unhas, de roupão e máscara na cara, falaria que eu estava linda, e pronto., Minha fuga seria completa. Toda sexta era assim, meu pai no quarto, minha mãe na sala, não entendo porque, já que a casa fica completamente livre...Livre pra eles pularem juntos no sofá, cantarem músicas dos anos 80 com o som no último volume usando escovas de cabelo como microfone, comer biscoito em cima da cama e não ficarem com raiva dos farelos...Sabe, coisas que EU sempre quis fazer, mas eles nunca deixariam.
Sexta de manhã mal podia me conter, mas passei o dia vendo desenho, e sonhando com uma barra de chocolate gigante, que me deixaria toda melada, hum...bombons recheados, um pedação de pizza, bolo de chocolate, sorvete de chocolate, CHURROS DE CHOCOLATE! Minha boca salivava, mas eu tinha que me conter, ou então minhas celulites ficariam em evidencia, e Fê não iria querer ver nada daquilo, ainda mais na hora H... siim, hora H! Estávamos quase levando nosso relacionamento ao próximo nível!e eu tinha certeza que ele era o amor da minha vida, o meu príncipe encantado, imaginava latas penduradas no nosso carro escrito JUST MARRIED!
Ele passaria às 22:00 pra me pegar e depois me levaria de volta às 3:00, o que me dava 5 horas pra fazer tudo direitinho, mas não conseguia parar de pensar se não era pouco tempo, já que pra me informar havia assistido uns filmes na internet, e parecia que 5 horas não seriam suficientes pra ele! Calma R. calma, seria suficiente sim.
Comecei a me arrumar, coloquei minha calcinha mais sexy (uma branca com bolinhas rosa que parecia um shortinho com uma marca de beijinho no bumbum), um sutiã com algumas folhas de papel toalha (36 folhas pra falar a verdade), me olhei no espelho e UAU como eu estava turbinada!
-Uau, se eu fosse um garoto, não resistiria-repetia pra mim enquanto apertava o enchimento e treinava algumas caras e bocas pra melhorar minha performance. -oh Fê, como você é bom nisso. Oh Fê, que coisa maravilhosa, UAU UAAAAAAAAAAAU!- Ok, talvez eu não fosse usar nenhuma dessas frases de efeito, mas nunca se sabe.
Procurei um batom vermelho nas coisas da minha mãe, e enquanto tirava os bobs do cabelo (porque segundo minha revista favorita, cachos são sexys e convidativos para uma noite inesquecível) procurava algum tutorial no youtube para passar batom vermelho sem borrar nos dentes. Depois de pronta o make, olhei pro meu vestido, suspirei e disse:
-Não me decepcione!
Deitei na cama, abri o ziper do vestido e o fui colocando enquangto recitava um mantra em alto e bom som:
-Você vai servir em mim, você vai servir em mim, você vai servir em...-prendi minha respiração enquanto terminava de fechar o zíper lateral com certa dificuldade- MIM! UHUUUUUUUUUUUUUUL- minha empolgação não pode ser vista pelos meus movimentos mínimos. Era meio difícil respirar, e se eu precisasse respirar fundo meu vestido certamente acabaria com um buraco.
Coloquei minha sandália, baguncei mais meus cachos, e fiquei esperando, andando de um lado pro outro, tentando aprender a andar com um salto daquele tamanho. Quase caí algumas vezes, mas não podia demonstrar emoção nenhuma como gritar ou dar um suspiro longo.
Ele chegou e corri pra porta, com o coração na boca pensando:finalmente finalmente finalmente!
- E aí gata-ele me recebeu abrindo a porta do carro e me dando um beijo super longo.
No caminho trocamos vários carinhos (até senti meu vestido levantando uma hora, mas eu resolvi fazer um mistério e delicadamente tirei a mão dele da minha perna)
Chegamos na festa (não de mãos dadas claro, ele disse que como éramos universitários tínhamos que deixar os costumes da escola pra trás (e segundo ele andar de mãos dadas era coisa de criança). Conheci os amigos dele, e enquanto ele buscava algo pra beber, eu procurava me enturmar com meus futuros colegas, que pensavam que eram atuais colegas.
Alguns perguntavam qual curso eu fazia, e logo que eu mentia e dizia -Jornalismo!- alguns respondiam -EU TAMBÉM! Você não acha dificil aquela parte da materia que diz que....
-Er, olha, muito bom falar com voce, mas eu tenho que ir...-e continuava meu caminho entre a multidão animada... e meio bêbada, admito.
Fê voltou com dois copos (que na minha cabeça pareciam mini baldes) com canudinhos coloridos.
-Sex on the Beach...engraçado o nome não?- ele piscou pra mim e passou os lábios pelo meu pescoço (ooh Jesus, tenha piedade de mim, afaste esses pensamentos de pessoas impuras que passam pela minha cabeça)
-Hehehe...m..m..muito engraçado mesmo-fechei os olhos e senti o copo balançando na minha mão, prestes a cair.
-Você não quer... ir pra algum lugar mais... calmo?- a voz dele era tão sexy, MEU DEUS!
Meu coração disparou, meus joelhos pareciam não responder aos meus comandos e parecia que eu iria desmaiar a qualquer hora. Dei um gole enorme no copo, ignorando o canudo, tentando virar tudo e me sentir pronta o suficiente.
Ele segurou minha mão, e foi me guiando até o segundo andar.
No caminho, vi algumas pessoas caidas na escada, duas em especial me chamaram a atenção, uma garota, e um garoto, sentados lado a lado, de mãos dadas sentados na escada. Isso seria perfeitamente normal se não fosse por um detalhe: eles vomitaram juntos, e depois...deram um beijo profundo e delicioso. Isso devia ser amor, uma forma bem...estranha de demonstrar o amor.
Tomei cuidado pra não escorregar em nada, nem em ninguém, e joguei meu copo pra trás:
-AAII @#$%@$ me molharam-ops, o resto da minha bebida pousou na cabeça de alguém sentado na parede de olhos fechados.
Abrimos algumas portas, e recebemos em troca alguns palavrões por termos atrapalhado algumas pessoas que tiveram a mesma ideia que nós.
Os quartos estavam ocupados.- ótimo- pensei.
-Acho que vamos ter que descer...-a decepção não estava me consumindo, e eu até me sentia bem. Mas tentei minha melhor voz de tristeza.- Que pena..
-Não se preocupa gatinha, tenho um plano B.
Ele me puxou com força em direção ao fim do corredor, abriu uma porta, a única aberta por sinal:
-Chegamos...acomode-se.
Olhei em volta, imaginei se estava alterada por causa do alcool, não era possível. Ele não faria uma coisa dessas, nós estávamos em um...
-Um banheiro! -eu disse com um sorriso de espanto. E era um banheiro MINUSCULO. a pia ficava loga na frente da porta. Não sei como caberia duas pessoas.
-Isso. Tivemos sorte de achar esse lugar disponível, geralmente ele é bem disputado nas festas. Mas é claro que você sabe disso.
-Claro, todo mundo precisa fazer xixi as vezes.
-HAHAHAHAH você é uma comédia D.
-Er..Meu nome é R.
-ops...falei sem querer.
Me senti desconfortável com tudo aquilo, mas precisava fazer uma performance maravilhosa.
Ele me segurou forte pela cintura, e por um momento achei que havia aberto uma fenda no meu vestido. Puxou meu cabelo pra trás e começou a beijar meu pescoço fazendo barulhos estranhos com a boca. Ele mordia meu pescoço com um pouco mais de força do que a necessária, e eu estava lá, calada, sem saber o que fazer.
Fê me pegou no colo, com as minhas pernas entrelaçadas em sua cintura e me colocou sentada na bancada da pia.
-por favor, não rasgue, por favor não rasgue- pedia mentalmente imaginando como seria constrangedor chegar em casa com meu vestido faltando pedaços.
Comecei a tentar imitar os movimentos que Fê fazia, se ele beijasse meu pescoço, eu beijava o dele, se ele puxasse meu cabelo, eu puxava o dele.
Fê começou a passar as mãos pelas minhas pernas, e ficava cada vez mais difícil respirar devagar, e inspirar pouco ar, um pouco menos que o necessário.
Comecei a sentir calor, e ele sussurrava no meu ouvido algumas coisas que até hoje não entendo o significado.
O clima estava começando a esquentar, e aquele sex on the beach começou a fazer efeito.
Alguns barulhos constrangedores saíam da pia, como se alguma coisa estivesse solta, mas aquilo era o que menos importava naquele momento.
Na hora que Fê puxou meu cabelo pela terceira vez, um grito involuntário saiu da minha boca:
-AAAAAAAAAAAAAI
-AI MEU DEUS- ele parecia desesperado -Me desculpa, meu relógio ficou preso no seu cabelo, espera, fica calma já vou tirar. Droga, tomara que não tenha quebrado nada.
-Não se preocupe, acho que está tudo bem. Náo doeu tanto -Disse quase chorando
-Eu estou falando do meu relógio. Agora respire fundo que eu vou ter que puxar - Depois de muita força, o relógio dele se soltou do meu cabelo e levou junto algumas mechas. Segurei um segundo grito, mas a força da minha respiração me fez ouvir um barulho desagradável
-AI MEU DEUS- gritei.
Ele olhou assustado pra faixa de pele que ficava evidente, cada vez maior. Meu vestido rasgou do lado, e por um lado foi muito aliviante poder respirar normalmente.
Contrário a todas as minha expectativas, ele sorriu com malícia e falou:
-que bom que você facilitou meu trabalho, hehehe.
Ele me puxou com mais força contra seu corpo, passa a mão nas minhas costas com força. Eu não podia negar que adorava aquilo tudo então resolvi retribuir. Comecei a puxar ele, e me apertar em seu peitoral. Nossos beijos ficavam cada vez mais intensos. Meus suspiros fizeram meu vestido rasgar mais e cair. Como se fizesse parte do meu show, puxei a camiseta dele com muita força, o que o fez bater as costas na porta.
Continuamos e meu vestido ja estava no chão, e eu me achava maravilhosa com aquela calcinha de bolinhas.
De repente, senti algo molhado em minhas costas. Olhei pra trás e parecia que a torneira estava um pouco aberta, mas a agua saía do caninho e vinha pra cima. Tentei fechar com força e a pia parou de soltar esses jatos indesejáveis.
Me virei de volta e ele com um movimento brusco arrebentou o fecho do meu sutiã. QUE GROSSERIA! pensei. Ia chegar em casa como se tivesse acabado de ser assaltada, mas não tineha tempo de pensar nisso numa hora daquelas! Eu estava prestes a me tornar uma universitária completa.
Ele começou a descer, beijando minha barriga, descendo descendo...
Comecei a ouvir um barulho mais esquisito, como se alguma coisa estivesse enchendo, quase transbordando.
Ele continuou seu percurso pelo meu corpo, beijando minhas coxas...
O barulho aumentava, e parecia que eme algum lugar uma pressão muito grande estava sendo feita, e eu não fazia ideia do que era.
Fê chegou no meu joelho, dando mordidinhas em volta dele.
De repente, CREC. Ouvi um barulho pequeno de rachadura, e logo em seguida um barulho muito alto. A pia demoronou atrás de mim, me arremessando pra frente.
-AAAAAAAAAAAAAAI- meu joelho acertara o nariz de Fê. Fomos arremessados pra frente e a porta do banheiro quebrou com a pancada que demos. Fomos parar do lado de fora do banheiro, com a água começando a invadir o corredor e Fê com o nariz sangrando.
Meu vestido ficara enterrado nos destroços da pia e eu não tinha ideia do que fazer.
As pessoas no corredor nos olhavam, umas aterorizadas, outras riam muito.
Levantei num pulo procurando minhas roupas, e tudo que achei foi meu vestido encharcado.
Fê já estava de pé e olhava pra cima falando palavrões horríveis procurando algo para estancar o sangue.
Ao entrar no banheiro escorreguei e fiquei molhada da cabeça aos pés.
A água já invadira o corredor e eu pedia desculpas desesperadamente pelo nariz quebrado de Fê.
O dono da festa apareceu, e com vários gritos nos expulsou da casa.
Sentei no meio fio, segurando meu sutiã, com meu coração em frangalhos, morrendo de vergonha e disse:
-Ai, acho que agora somos só nós dois, senta aqui deixa eu te aju...
Mas antes que eu pudesse terminar a frase, Fê foi embora, andando, de cueca, com a camiseta tampando o nariz, falando palavrões abafados.
Torci meu cabelo molhado, e meu sutiã igualmente ensopado, peguei minhas sandálias na mão, suspirei e comecei a andar. Seria um caminho longo até em casa.
Minha quase primeira vez foi uma desgraça. Acho que da proxima vez, se todos os quartos estiverem ocupados eu não vou lutar contra as forças da natureza e me enfiar em um cubiculo de banheiro. Aquela não era a hora certa, e eu precisei quebrar uma pia e um nariz pra perceber isso.
Dei uma risadinha lembrando de tudo e continuei meu caminho pra casa, pensando em uma desculpa muito boa para meus pais.
Posso riscar Gatinhos da faculdade da minha lista. todos eles só pensam em uma coisa mesmo. Ou talvez eu não risque, já que um deles me convidou pra sair semana que vem.
Ass:
